O escândalo que algumas crianças fazem diante de uma frustração pode
acabar com o dia de qualquer um. Perdidos e nervosos com o barulho e a atenção
que a criança atrai, muitas vezes em público, os pais não sabem o que
fazer. A solução não envolve gritos, puxões de orelha ou palmadas ,
mas sim firmeza e autoridade, desenvolvidas a médio prazo. (...)
1. Não perca o controle: seja firme, mas também acolhedor Assim que a
criança começa a fazer uma cena dramática no shopping ou no parque, é melhor
segurar as rédeas da situação do que entrar na mesma dança. Pode ser que você
esteja ficando muito irritado, mas segundo o psicólogo e terapeuta familiar
João David Cavallazzi Mendonça, pais que perdem o controle podem assustar ainda
mais a criança e tornar a birra ainda pior.
Mas os pais tampouco devem amolecer. Segundo a psicopedagoga Quézia
Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), os
adultos devem manter firmeza no tom de voz e falar com a criança na altura
delas, explicando que atitudes como esta não irão mudar nada. Ao perceber que a
criança está prestando atenção, João David ainda indica demonstrar acolhimento:
segurá-la no colo e explicar o porquê da negativa poderá ajudar bastante.
2. Não ceda aos apelos da criança e mantenha a palavra Por culpa ou
falta de paciência, às vezes os pais acabam cedendo aos pedidos dos
filhos e deixam a birra passar como se não fosse nada demais. Esse é um
erro fatal: segundo Dora Lorch, a criança pode ficar cada vez mais autoritária,
pois percebe uma maneira de sempre conseguir o que quer. Segundo a psicóloga e
psicoterapeuta familiar Ana Gabriela Andriani, as crianças precisam entender
que nem sempre terão o que desejam e quando desejam, e que sua insistência não
é uma cartada aceita nesta hora.
3. Dê exemplos: sair batendo porta dentro de casa não é um deles Que os pais
devem ser bons modelos para seus filhos e esta premissa vale também
para momentos de raiva em que o adulto resolve fazer a própria “birra” –
batendo uma porta em casa após um momento de estresse, por exemplo. “Às vezes a
criança está apenas repetindo o comportamento da mãe”, diz Dora Lorch.
Quanto mais atenção os pais derem à birra do filho, pior será o
comportamento dele
4. Não dê atenção à birra Aos dois anos, Rafaela, filha
da socióloga Ariane Torezan, foi com a mãe ao supermercado. Quando Ariane
proibiu a filha de levar para casa uma guloseima, Rafaela se deitou no chão,
começou a chorar e a gritar. “Não tive dúvidas: virei as costas e continuei
andando. Ela não teve outra alternativa se não parar de chorar e vir atrás”,
relembra Ariane.
Para o psiquiatra e educador Içami Tiba, autor de “Disciplina: Limite na
Medida Certa” (Integrare Editora), as crianças precisam passar pelo estresse de
perder a segurança na hora da birra. “Se ela se sente insegura, muda. A criança
fica preocupada se os pais a deixam”. Rafaela, hoje com nove anos, nunca mais
teve qualquer comportamento parecido.
5. Dê castigos proporcionais (e não se sinta culpado depois) As crianças
devem entender que seus atos têm consequências. Para não se arrepender no
meio de um castigo , os pais devem calcular adequadamente o tempo de
punição. “Para uma criança de dois anos, um castigo de dez minutos já é o
bastante”, recomenda Quézia Bombonatto. Na orientação da Supernanny Cris Poli,
um minuto por ano de idade é uma boa medida. Mas tudo depende da gravidade da
birra e de como aquela família funciona.
6. Não meça forças com a criança e seja flexível de vez em quando Os pais devem
ser firmes e mostrar quem coloca as regras no dia a dia. Mas isso não significa
incorrer no autoritarismo. “O ‘não pode’ deve ser usado para o que realmente é
importante”, diz Quézia Bombonatto.
Se a criança começa a desarrumar a sala logo após uma arrumação, os pais
não precisam proibi-la, mas podem deixar claro que ela terá que arrumar tudo
depois. Algumas coisas podem e devem ser negociadas com a criança. Afinal, será
que 10 minutinhos a mais no parquinho é um grande transtorno? “Essa
flexibilidade também pode ser benéfica”, concorda João David.
7. Explique o que ela está sentindo e veja o que está acontecendo Dar nome ao
que a criança está passando pode ajudá-la a se controlar. “Ela ainda está em
processo de aprendizado e precisa aprender a identificar o que está sentindo”,
explica João David. Assegurá-la de que ela está sendo, de alguma forma,
compreendida, é importante.
Por isso, o adulto deve sentar com ela e explicar que sabe como ela se
sente, mas agora não é possível ter o que ela quer, pela razão que for.
Descobrir as razões infantis também é necessário. Às vezes, a criança pode muda
de comportamento por uma razão não aparente, como o nascimento de um irmão mais
novo ou a volta da mãe ao trabalho. “Ao ser questionada, a criança vai explicar
com menos ou mais recursos, dependendo da idade, e tudo vai ficando mais
fácil”, diz Dora Lorch.
8. Distraia a criança Segundo Quézia Bombonatto, em
certas situações chamar a atenção da criança para outra coisa pode ser a melhor
saída para a birra. Especialmente quando o comportamento desanda em locais
públicos. Fazê-la rir ou distraí-la com outro atrativo costuma ser efetivo e a
criança pode esquecer a razão do escândalo que estava fazendo minutos atrás.
9. Compare a atitude dela com a das pessoas ao redor Ana Gabriela
Andriani também sugere comparar a criança com as outras pessoas no local e
mostrar que ninguém mais está chorando, só ela. “A criança só consegue enxergar
a si mesma. Ajudá-la a se comparar aos outros é uma maneira de fazê-la se
sintonizar com o mundo”, diz.
Filhos podem imitar as atitudes dos pais: evite a "birra de
adulto"
10. Não insista em conversar na hora da raiva Assim como
muitos adultos, a criança não irá ouvir o que os pais estão dizendo no calor de
um ataque de birra. “Nesta hora ela está focada na frustração, não está
ouvindo”, diz Ceres de Araújo. Por isso, o melhor pode ser ignorar a
atitude dela e conversar mais tarde, quando ela estiver mais calma, sobre
o ocorrido. Neste período, os pais podem aproveitar para pensar na atitude que
irão tomar.
11. Valorize e qualifique a criança sempre que possível Reforçar
positivamente o bom comportamento infantil depois de um ataque de birra ajuda a
prevenir novos episódios. Se um dia a criança fez uma birra homérica no parque,
ao voltar ao mesmo lugar o pai pode lembrar que confia nela para a história
vivida no passado não voltar a acontecer. “Esta é uma maneira de qualificar o
filho, mostrar que você acredita que ele pode ser diferente”, diz João David.
12. Tome medidas preventivas Sentir fome e sono sem poder
suprir as necessidades são sensações capazes de deixar qualquer um irritado.
Para as crianças, estas sensações podem facilmente se transformar em birra. Por
isso, manter uma rotina de sono e alimentação ajuda a evitar a irritação. “Os
pais devem identificar o que pode ser evitado. Se sabem que a criança costuma
dormir às nove horas da noite, não é ideal sair para jantar neste horário”,
exemplifica João David. (Delas ig)
*Fonte: Ig.com.br
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